quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Oalaci

   Sabe quem me ensinou a amar a natureza? A respeita-la?
   Sabe quem me ajudou a gravar a tabuada e a entender a matemática?
   Imaginem um cara extremamente grosso e delicado ao mesmo tempo. É como se fosse metade ogro e metade lord. O cara que prever respostas, não trata-se de um vidente e sim de um atencioso.
  O cara que foi minha luva, que é minha luva, a luva que me bate e que me acaricia, a palavra que me acalma e que me irrita, o amor que me larga no mundo chorando e prende por medo de me perder pra vida. 
  O cara que me ensinou a respeitar plebeus e nobres, os atuais ricos e pobres, até mesmo os miseráveis.
  O cara que me deu capacidade de encontrar a cor no preto e branco.
  O tapa que me acolheu e acolhe. Que me joga e recolhe.
  Sim. Ele me tira do sério, me irrita, é diferente, me ensinou que é importante 'amar' e que perdoar é para os valentes.
 Eu o amo. Amo porque me ama, porque ao mesmo tempo que me tira palavras horriveis, me entrega uma apostila para estudar a vida que ensino, que aprendo. Amo porque não sei viver sem ele, por que apesar de ele achar que não o amo, ele é uma das coisas mais importantes na minha vida. Falho, ele é falho, mas nessa vida quem não é? Eu o amo até com seus defeitos. Ja falei tantas coisas, tantas monstruosidades, pura maldade, pura adrenalina, pura decepção, coração na mão. Decepção apesar de ensinar a viver não é facil.
  Bom, o importante é que apesar de ele pensar que só ligo para os aplausos, renda, eu ficaria descalço só para ceder meus calçados. Pisaria num cravo, me lançaria de qualquer penhasco.
  Ele brinca, e expõe sua admiração. Se soubesse ele o quanto sofro para expor meus sentimentos, minhas fraquezas, entenderia. É dificil manter-se firme quando o mundo cai em si, é difícil mostrar esforço quando se está fraco, mas se soubesse ele o quanto me dói decepciona-lo.
  Hoje é o aniversário dele. E não pude presentea-lo com algo a sua altura. Se um presente é sinônimo de representação, não há nada no mundo que represente o amor que sinto por esse cara.
  Ele não me apresentou meu samba, nem minha bossa, mas me apresentou o amor, me ajudou a construir o meu caráter e desenvolveu uma saudavel percepção do que é bom para mim.
  Ele diz que quer ter netos(tem medo que eu vire lésbica e não me case, fique sozinha sem um marido protetor), se assusta com minha alma livre, minha capacidade de voar, se esquece que foi ele quem me apresentou a independência e eu tomei posse dela. Se assusta por eu julgar um casamento algo não tão importante e com isso mostra que se esqueceu que  foi ele quem também me ensinou a ter valores, principios. Eu aprendi. Se esquece ou então nem sabe que para me casar eu precisaria admirar a pessoa que vai ficar ao meu lado. E nem todos os homens são admiráveis, não confio em quase nenhum além dele e nem admiro muitos. Mas admiro ele, meu pai. E isso não quer dizer que não goste de homens, eu gosto mas não os admiro.
  Não sei se ele vai ler isso, mas precisava registrar o que penso, o que sinto.  
Chega, estou enchendo muito a bola dele e isso é o suficiente(pelo menos agora).
    Pai, te amo.

Suellen Raiana


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